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quarta-feira, 25 de abril de 2007

terça-feira, 24 de abril de 2007

Urubu

Urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus)


A Revista Terra da Gente deste mês (nº 36, abril de 2007) traz uma excelente matéria sobre os urubus (Mestres do Ar). O texto é de Pedro Varoni e as fotos são de um dos melhores fotógrafos do Brasil, o Haroldo Palo Júnior. Só que quem ainda não comprou é bom não bobear, pois eles costumam recolher as revistas no final do mês, e o mês tá acabando.
Coragyps atratus no Canion de Itaimbezinho - RS


Uma coisa interessante sobre os urubus é que eles são talvez uma das aves mais discriminadas que existem. No entanto, das quase 1.800 espécies de aves que existem no Brasil, acho que a ave mais identificável pela população brasileira seja o urubu. Temos muitas aves "populares", como Bem-te-vi, Sabiá, Pardal, Tico-tico e outras, reconhecidas por muita gente, porém a maior parte da população não consegue identificá-las, mas o urubu não. A maioria vê a foto de um urubu e acerta, na lata: - é um urubu.

Pois é como aquela frase que já ouvimos por aí: "falem mal, mas falem de mim".
urubu-de-cabeça-amarela (Cathartes burrovianus)

Tirinha


domingo, 22 de abril de 2007

Bico-de-lacre (Estrilda astrild)

Mais uma vez recorro a um texto do Eurico dos Santos, do livro Pássaros do Brasil, que na página 168 escreve com maestria e humor sobre os Bicos-de-lacre:
"Possuí um casal durante algum tempo, morrendo o macho ou a fêmea (não posso afirmar qual deles), mas o sobrevivente suportou heroicamente o revés e alcançou uma velhice que reputo matusalênica. Contando o tempo desde que o recebi de presente até a morte, decorreram 18 anos. Não sei quanto já vivera antes de me ser dado. Ora, Brehm diz que resistem 8 anos, e assim, sendo, o a que me refiro era um macróbio respeitável. Ao fim da vida, já não subia mais para o poleiro, nem entoava os seus pi-ti--tu-i, pi-ti-tu-i. Em redor do bico cresceram-lhe cerdas, dando-lhe o aspecto de um velho africando minúsculo e barbudinho.
E assim, expirou, caquético e senil, ao fim de uma vida tranquila."



sábado, 21 de abril de 2007

Pitiguari na Vila Mariana em São Paulo o vídeo

Finalmente o Pitiguari mostrou a cara e consegui fazer um pequeno vídeo do bichinho soltando seu poderoso canto.

Pitiguari no alto da pitangueira


O Pitiguari (Cyclarhis gujanensis, Rufous-browed Peppeshrike), também conhecido como Gente-de-fora-vem, por conta de seu canto, que alguém achou que parecia com a frase "gente de fora vem", é um passarinho até comum. Está por praticamente o Brasil todo, inclusive em áreas urbanizadas. É fácil de ouvir, mas muito difícil de ver, é de admirar como se esconde bem.

No vídeo não dá pra ver ele direito mas dá pra ouvir muito bem seu poderoso canto.



Leia o que o Eurico Santos escreveu sobre eles no livro Pássaros do Brasil, na página 182.

"Quando os negócios de caça lhe correm bem, costuma divertir a esposa assoviando fortemente uma determinada cançoneta, de certo em castelhano, que aprendeu no Rio da Prata, pois aqui nossa gente nada compreende, enquanto os argentinos o ouvem perfeitamente dizer: Don Libório, Don Libório, ou Caballero, Caballero, ou ainda Juan chiviro.

O casal vive numa harmonia perfeita e parece que deveras se amam muito.

Quando um bárbaro caçador abate um dos consortes, o outro facilmente pode também ser sacrificado, porque não se afasta do local onde caiu o companheiro, procurando-o, chamando-o, numa evidente ansiosidade."

mais uma foto do consorte


domingo, 15 de abril de 2007

A Educação, do ponto de vista biológico

Publico a seguir um artigo que achei muito interessante. É do biólogo Fernando Reinach e foi originalmente publicado no jornal O Estado de São Paulo no dia 05/04/2007. O Estadão publica artigos do Fernando Reinach toda semana as quintas.

A educação, do ponto de vista biológico
Fernando Reinach*

Existem muitas razões para educar, mas do ponto de vista biológico a educação faz parte da estratégia de sobrevivência da espécie humana.O argumento é simples e se relaciona ao tipo de informação que cada espécie necessita para sobreviver. Nesse quesito podemos dividir os seres vivos em três grandes grupos.O primeiro contém as formas mais simples de vida. Uma bactéria é um bom exemplo. Nesses seres vivos toda a informação necessária para a sobrevivência está codificada no DNA. A informação para sintetizar cada enzima, cada molécula de sua estrutura, e mesmo as informações que determinam como e quando ela deve reproduzir estão no genoma. É claro que tais organismos mudam seu comportamento quando o meio ambiente é alterado. O mecanismo utilizado pelas bactérias para detectar certos tipos de nutrientes e em resposta alterar as enzimas necessárias para utilizá-los são bem conhecidos e estão no genoma. Bactérias não precisam aprender, elas já nascem com toda a informação de que necessitam e transmitem essa informação a seus descendentes.

REDESCOBERTA CONTÍNUA

O segundo grupo é bem representado nos vertebrados. O cachorro é um bom exemplo. Esses seres vivos também nascem com grande parte da informação de que necessitam em seu DNA. A diferença é que nesse DNA está programada a formação de um cérebro sofisticado, um órgão capaz de captar e estocar informação. Cachorros aprendem uma quantidade enorme de fatos, comportamentos e informações que se tornam indispensáveis para sua sobrevivência. Aprendem a identificar pessoas e territórios e onde encontrar alimentos e seduzir seres humanos. Ao fim de sua vida, um cachorro armazenou em seu cérebro uma vasta quantidade de dados que o ajudaram a sobreviver. Entretanto, toda a informação é extinta com a morte do animal, pois a espécie não tem métodos de armazenamento ou transmissão dessas informações para seus descendentes. Para os filhotes, são transmitidas somente as informações que estão no genoma, o que garante a formação do cérebro e a possibilidade de adquirir novamente a informação. Membros dessas espécies estão condenados a redescobrir o que os pais já haviam aprendido.

ANIMAIS CULTURAIS

No terceiro grupo o exemplo é o homem. Esses animais também nascem com a informação presente em seu DNA e um cérebro capaz de captar informações. A grande diferença é que somos capazes de estocá-la e transmiti-la a outros membros de nossa espécie. É o que chamamos de cultura, aquilo que está nas bibliotecas, na internet, nos CDs e no cinema. Ao contrário dos cachorros, cada ser humano não tem de readquirir toda a informação através da experiência direta, pode recorrer ao enorme depósito de informação que nossa espécie acumulou. Imagine que toda essa informação fosse perdida. Deixaríamos de ter a medicina, a comunicação e o transporte, sem falar da agricultura. Provavelmente boa parte da humanidade morreria.O homem biológico de hoje é idêntico a um homem pré-histórico, é a educação que faz cada um de nós progredir em 20 anos o equivalente aos 20 mil anos de cultura da humanidade. Do ponto de vista biológico, nossa sobrevivência depende cada vez mais dessa nova forma de acumular informação que surgiu no planeta.Em algum momento do passado o processo evolutivo atrelou nossa sobrevivência à educação. Aceitar essa relação de dependência talvez nos ajude a colocar a educação como prioridade número 1 de nossa espécie.

*fernando@reinach.com
Biólogo

sábado, 14 de abril de 2007

Curiosidades sobre o Canário-da-terra

Sabem por que o nosso canário é da terra?
Pois é uma contraposição ao Canário-do-reino (Serinus canaria), importado de Portugal. Então, o canário brasileiro virou o canário-da-terra. O Cánario-do-reino é originário dos Açores, Ilha da Madeira e das Ilhas Canárias. Daí seu nome, canário, das Canárias, certo?
A fêmea do canário-da-terra tem aspecto bem diferente do macho, dessa forma em alguns lugares ela ganhou um nome próprio, Coroia e também canário-pardinho.
Certos indígenas que apreciam muito seu canto lhe deram o nome de uirá nheengatu, que significa o que canta bem.
Abaixo transcrevo um trecho de um livro clássico, " Pássaros do Brasil", de Eurico Santos, que escreve na página 275 sobre os canários:

"No estado silvestre vivem aos casais e, como são muito ciosos, os machos travam lutas entre si. Nessa ocasião as fêmeas dos lutadores, as coroias, quando não lutam também, acompanham a briga com seus corrulchieis, estimulantes, dando fogo ao macho, que parece então duplicar as forças. A luta prolonga-se, ás vezes, por cerca de sessenta minutos, terminando pela carreira inevitável do vencido, perseguido pelo vencedor.
Minutos após regressa este à fronde da árvore, onde já o espera a doce companheira, corrulchiando, e aí permanece à luz do sol, como sentinela vigilante, altivo e cônscio de sua força, trinando agudamente num verdadeiro desafio."